APLV IgE-mediada: ela pode persistir até a adolescência?

A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) mediada por IgE é uma das alergias alimentares mais temidas pelos pais. Com sintomas que vão desde urticária e vômitos até crises graves como anafilaxia, ela costuma se manifestar ainda nos primeiros meses de vida.

A boa notícia é que a maioria das crianças desenvolve tolerância ao leite ao longo dos anos, principalmente até os 5 anos de idade. Mas… e quando isso não acontece? Será que a APLV pode continuar até a adolescência?

 

O que diz a ciência?

Um estudo recente publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice (fevereiro de 2025) acompanhou crianças com APLV IgE-mediada desde o nascimento até os 17 anos de idade — algo raro e extremamente valioso em termos científicos.

Dos 54 pacientes inicialmente diagnosticados, 72% desenvolveram tolerância espontânea ao leite até a adolescência. Entre os 23 que ainda eram alérgicos aos 5 anos e seguiram em acompanhamento, 8 conseguiram superar a alergia até os 17 anos.

Ou seja, mesmo após os 5 anos de idade, a resolução da APLV ainda pode acontecer. Isso reforça a importância de um acompanhamento individualizado e contínuo.

 

Fatores de risco para persistência da APLV

Os pesquisadores identificaram alguns fatores que aumentam as chances da alergia persistir até a adolescência:

  • Teste cutâneo com pápula >6 mm no diagnóstico (reação intensa à proteína do leite)

  • Ausência de exposição ao leite na maternidade (bebês que não receberam fórmula láctea nas primeiras horas de vida)

  • Presença de sibilância (chiado no peito) na primeira reação ou durante o teste de provocação oral

  • Histórico de anafilaxia ou asma ativa aos 17 anos também foram associados a maior risco de reações graves na adolescência

Essas crianças, especialmente as que também têm asma, precisam de vigilância mais próxima e cuidadosa, pois o risco de reações graves persiste.

 

O que podemos aprender com isso?

  • A maioria dos pacientes com APLV IgE-mediada supera a alergia ainda na infância ou adolescência.

  • A presença de sintomas respiratórios, alergias graves e testes altamente positivos no início da vida pode sinalizar casos que vão precisar de mais atenção.

  • Reavaliar a alergia ao longo dos anos é essencial. A tolerância pode surgir mesmo depois dos 5 anos, e manter a dieta restrita sem necessidade traz impactos nutricionais e sociais para a criança.

 

APLV não é para sempre — mas merece acompanhamento de perto

Se seu filho tem APLV, o futuro não precisa ser de medo, mas sim de monitoramento constante, orientação adequada e decisões baseadas em evidências. Com acompanhamento especializado, muitos deixam a alergia para trás — e, acima de tudo, ganham qualidade de vida.

Confira mais dados do estudo no link: Leia mais!

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